Crescendo na Graça - Cristo desceu ao Inferno



O Artigo de hoje é um dos mais controvertidos, pela idéia que causa o termo INFERNO. O leitor poderá se perguntar: como assim Jesus desceu aos infernos? E, contudo, tanto os 39 Artigos, como os Credos universais da Igreja Indivisa, declaram a certeza desta doutrina da seguinte forma:
ARTIGO III - DA DESCIDA DE CRISTO AO INFERNO 
Assim como Cristo morreu por nós, foi sepultado; assim também deve ser crido que desceu ao inferno.
Este texto é a sua forma alterada da versão original dos 42 Artigos escrita pelo Arcebispo Cranmer. Na versão de Cranmer, se podia ler uma frase a mais onde se declarava que o corpo de Cristo tinha estado três dias na sepultura, mas Seu Espírito tinha ido a pregar aos espíritos na prisão ou inferno, de acordo com a compreensão do Arcebispo Cranmer sobre o texto de 1 Pedro 3.18-19. Gerald Bray, no seu livro "The Faith We Confess", afirma que as razões não são claras da mudança deste Artigo da Fé, no entanto poderia ser por causa da influência de Calvino e sua obra Institutas sobre os teólogos e bispos anglicanos da época. Esta questão continua sendo debatida até os dias de hoje.

Sem dúvida alguma, a questão de Cristo descer ao inferno tem sido motivo de constante controvérsia teológica através dos séculos. Contudo uma questão permanece, qual é a importância da descida de Cristo ao inferno? Tem alguma relevância?

A primeira resposta é fundamental para a fé. Jesus morreu realmente na Cruz, e foi sepultado. Não somente aparentemente, como alguns ensinavam, mas verdadeiramente e corporalmente. Se Jesus foi sepultado, então teve a mesma sorte que o resto das pessoas mortas. Sua humanidade tinha que ser vivida e experimentada plenamente. Do contrário, não poderíamos dizer que Ele viveu plenamente e totalmente como um ser humano.

Lee Strobel, no seu livro "Em defesa de Cristo", nos ajuda a perceber a importância da morte de Cristo na Cruz, o resultado natural dessa morte e o fato de que caiu toda a culpa do pecado sobre Ele, não é outro que a ida de Jesus ao inferno. A descida de Cristo ao inferno é parte essencial do evangelho, tanto e quanto a morte da Cruz e a Ressurreição de Cristo no terceiro dia. Se ele não desceu ao inferno, como se poderia dizer que pagou toda a culpa pelo pecado da humanidade? Gerald Bray apresenta este caso de forma esclarecedora no seu livro já mencionado.

Fico entristecido quando vejo alguns pastores retirando a frase que faz menção desta doutrina do Credo Apostólico, porque não chegam a compreender a importância da mesma pela fé e o evangelho.

A grande vitória de Cristo se encontra em que Ele foi ao império do inimigo e venceu a morte, dando a plena esperança de que a morte não nos vai aprisionar, porque Jesus conquistou plenamente a vitória e liberou aqueles que estavam em cativeiro (Efésios 4.8). Somos livres, plenamente livres. Satanás não tem mais poder sobre a vida dos crentes, porque temos sido adotados como Filhos do Deus vivo e temos sido redimidos em Cristo. Esta é a razão de esperar com grande antecipação a Páscoa, como o pináculo da fé cristã.

Um aspecto importante, neste Artigo de Fé, é a realidade do inferno. Muitos são os cristãos que tem negado o inferno nos dias atuais. Outros têm ensinado aniquilacionismo. Porém nenhuma destas posições encontra base nas Escrituras. Existe a necessidade de tentar explicar o conflito que muitos sentem sobre um Deus bondoso e misericordioso e todo o conceito do inferno eterno. O coração humano sente temor a considerar o inferno, como uma opção real. Por esta razão, preferimos negar as evidências diante da terrível realidade da punição eterna.

Outra idéia que é denunciada em outro dos Artigos da Religião, é a idéia da existência de um lugar intermediário, popularmente conhecido como purgatório. Não existe evidência bíblicas para ensinar e acreditar neste lugar. Esta posição tem sido popular em alguns círculos teológicos e, inclusive, tem sido defendida como uma posição teológica a ser afirmada por certa denominação, contudo as evidências não apoiam a ideia de esse lugar intermediário ou de descanso adormecido até a segunda vinda de Cristo.

A realidade do inferno, por muita assustadora, não deve ser motivo de aceitar o evangelho. Não deve ser o medo que nos leve a Cristo, mas a esperança da Eternidade. O inferno é real. É um lugar de tormento eterno. Não traz alegria escrever isto, porém é a única conclusão lógica a partir da leitura das Escrituras.

O Artigo de Fé de hoje nos leva a ser agradecidos, porque Jesus pagou plenamente a culpa dos meus pecados, e não somente os meus, mas os pecados do mundo, incluindo o pecado original de Adão e Eva que corrompeu toda a humanidade. Foi seu sacrifício que me libertou de ter que pagar a culpa pelos meus próprios pecados. Jesus fez muito mais, também permitiu que pudesse me reconciliar com o Pai e fosse adotado como Filho de Deus, me resgatando da morte, do pecado e do reino da escuridão. Esse é o amor eterno e bondoso de Deus pela humanidade. Só precisamos confessar Cristo, acreditar na Sua obra maravilhosa e nos arrepender dos nossos pecados e velhos caminhos, abraçando o caminho de discípulos de Cristo.


TEXTOS PARA MEDITAR

Efésios 4.8-10; 1 Pedro 3.18; Lucas 16.19-31.


PERGUNTAS PARA REFLETIR

- Qual diria que é a razão por ter sido escrito este Artigo?

- Porque é importante afirmar-nos este Artigo?

- Como você reage quando ouve falar sobre o inferno?


LIVROS PARA SEGUIR CRESCENDO NA GRAÇA

MCGRATH, Alastair, Creio, Editora Vida Nova, SP.

STOTT, John, A Cruz de Cristo, Editora Vida, SP.

WRIGHT, N.T., Surpreendido pela Esperança, Editora Ultimato, 2009, SP.


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