Porque Jesus veio?


Já passamos do meridiano de 2012, e faltam 5 meses para o Natal chegar. Contudo, o que celebramos no Natal se faz presente hoje. Celebramos o Natal a cada ano, mas poucos se perguntam porque celebramos o nascimento de Jesus.

Nos últimos anos, tenho visto como muitas palavras tem mudado de significado, e como, as vezes, falamos de “amor” quando queremos falar de “sexo.” As palavras mudam através dos anos, mas ainda hoje existe uma palavra que permanece inamovível, “graça.” Por este motivo, Jesus veio 2,000 anos atrás. Por esse motivo, cada ano trocamos presentes, como um memorial de que o maior presente nos foi dado de graça.

Nós como cristão de tradição reformada reconhecemos que tudo é um presente de Deus. A vida, a família, a salvação e até mesmo cada novo dia. Por este motivo, desejamos seguir vivendo esta vida de graça a cada instante. Sabemos que nossa salvação depende inteiramente em Cristo: Sua vida, Seu ministério, Sua morte e Sua ressurreição. Ele é quem faz possível para nós sermos salvos do pecado, resgatados de satanás e reconciliados com Deus e uns com os outros.

Somente pela graça, podemos viver essa nova vida em Cristo pelo poder do Espírito Santo que nos santifica e nos permite ser transformados dia a dia. Esta realidade nos liberta e nos ajuda a descobrir uma liberdade que nem sabíamos que existia. Enquanto éramos pecadores, pensávamos que éramos livres, fazendo aquilo que desejávamos, mas somente conhecemos a verdadeira liberdade quando fomos regenerados pelo Espírito de Deus. Só então, percebemos que vivíamos em uma prisão, enquanto nos enganávamos acreditando que éramos livres.

Isso demonstra como estávamos errados ao pensar que éramos sábios aos nossos próprios olhos. O ser humano pensa que é sábio, mas não percebe o seu próprio estado e nem suas limitações. Porem, isso somente se observa quando olhamos com atenção a graça infinita e maravilhosa de Deus.

A graça nos encontra no estado onde estamos, longe de Deus e na escuridão da nossa própria existência. Lá, Ele nos transforma para que possamos encontrar um caminho cheio de graça e misericórdia. Assim, as palavra do livro de Lamentações se con- vertem em nossas próprias palavras, “as misericórdias de Deus são novas cada manha.”

Como escreveu o Rev. Thomas Adams (1612-1653), “A graça vem na alma, como o sol da manhã para o mundo; amanhecer um primeiro, em seguida, uma luz. E, finalmente, o sol em seu brilho máximo e excelente.”

Com certeza, nós, como cristãos, somos lhos de Deus pela graça imerecida de Deus. Percebemos que não merecemos essa graça, e não entendemos porque a recebemos. Diante de tal dom, desejamos viver e ser tudo para Ele. Em consequência, desejamos amar e servir a Deus onde seja quer Ele nos chama.

Nesse aspecto, observamos como que os cristãos de tradição reformada são pessoas que tem participado intensamente da transformação do mundo, lutando contra a escravidão, formando escolas, os primeiros orfanatos, e indo a lugares longinguos para pregar o evangelho ou dando tudo para que outros possam conhecer as boas novas de Cristo, ao longo da história, e deveríamos ter essa posição também hoje, como resultado de nossa compreensão da graça que veio em Cristo e por Cristo que veio.

A graça nos transforma para dar frutos do Espírito. Assim, a igreja se faz presente no meio do mundo, mostrando Cristo para um mundo em escuridão, e o Reino de Deus se faz visível, contra o reino da Escuridão.

Somente a graça pode quebrar os medos e temores que alimentam a vida de tantos. Contudo, o temor não existe em nós, porque conhecemos que não podemos perder algo que não nos pertence, e ainda que nós percamos a vida, somente estamos ganhamos a vida eterna.

A esperança, a fé e o amor surgem a partir desta realidade. Portanto, nosso coração se entrega a essa graça que se nos faz presente na Cruz do Calvário. Cristo ressurrecto é a eterna imagem do amor, como o Natal é a eterna imagem da graça de Deus que se faz homem para que nos pudéssemos renascer em Cristo.

Quando encontramos a graça, realmente nunca mais seremos os mesmos, ainda que tentemos voltar aos caminhos de onde viemos. Não em vão, Spurgeon escreveu, “a graça não elege um homem e, depois, deixa ele como ele é.”

Hoje, observamos a graça que se faz presente no amor de Deus pelo seu povo eleito. O Senhor reina, e nos chama para que sejamos parte de Seu propósito. A noite escura já passou enquanto o amanhecer chega diante de nós. Assim, podemos seguir em frente, em meio a dor e das dificuldades, porque a graça de Deus nos dá força em meio a tudo para nos transformar naquilo que Deus está nos moldando a ser, a imagem de seu Filho para Sua glória.

Nós cristãos reformados afirmamos, “Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito San- to é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.” (Declaração de Cambridge)

Um cristão reformado é, e sempre será, um cristão eternamente agradecido a Deus. Cada segundo da vida é um novo dia cheio de oportunidades em Cristo. Somente com a compreensão da maravilhosa graça do Espírito atuando através de nós, como parte do povo eleito de Deus, que seremos transformados de glória em glória.



Este artigo forma parte de uma série de artigos que vai encontrar aqui, aqui e aqui.

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Texto da minha autoria publicado na revista "A Espada e a Espátura" do Projeto Spurgeon, Junho de 2012.



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