Qual vantagem conseguiu na vida?

Estudando Eclesiastes 1:1-3

O livro de Eclesiastes apresenta de forma clara qual é o seu principal tema. Isto é feito através de uma pergunta que nos apresenta uma questão para refletir de forma pausada. “Que vantagem tem o homem em todo o seu trabalho, em que tanto se esforça debaixo do sol?” (Ec. 1:3).

Se somos sinceros conosco mesmos, percebemos constantemente que estamos tentando tirar vantagem em todas as circunstâncias. Assim nos achamos sábios. Será que tudo o que fazemos tem algum beneficio? Será que tanto esforço tem uma recompensa?

Em Mateus 16:26, lemos uma questão semelhante sendo feita por Jesus, “Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a vida? Ou, que dará o homem em troca da sua vida?

A opinião apresentada por estas questões, nos orienta a confrontar a própria essência da vida contemporânea, o sucesso e os bens materiais. Isto é feito apontando que uma pessoa não tem valor algum, nem vantagem real, sem ter uma relação íntima com o Senhor e ter feito a paz com Deus. Jesus nos mostra que, ainda que tenha tido um grande sucesso, seja uma pessoa famosa, ou rica, nada tem valor, se não temos Deus.

A verdade simples é que os homens constantemente ganham o mundo inteiro, ou, ao menos, uma porção de poder que alimenta o seu orgulho, se enriquecem preenchendo as suas cobiças mais profundas, e envolvidos com as fantasias sexuais mais inimagináveis. As pessoas não se preocupam com o amanhã, nem tem noção de que todas estas coisas são temporais. E aí não dão valor à sua relação com Deus, pessoal e em comunidade.

Isto não deveria ser uma surpresa. As mensagens mais aplaudidas são exatamente aquelas que prometem felicidade, sucesso e vitória. Em vez de promover esperança, fé e amor, sendo o amor o maior dos dons (1 Cor. 13:13).

Salomão tem sua própria existência como exemplo e lição de vida. O livro de Eclesiastes nos ajuda a perceber tal realidade através das palavras do autor. Salomão não fala somente de uma realidade aprendida em livros, e si da sua própria história pessoal. O mestre de Eclesiastes começa com uma declaração, seguida de uma questão, dirigida a fazer o leitor a refletir sobre as questões principais da vida. Ele foi o maior rei de Israel, fez a nação enriquecer-se como nunca antes. Sua sabedoria era reconhecida pelos povos, fazendo que o nome dele fosse reconhecido entre os reinos da época. Porém, ele percebeu que tudo tinha sido um sonho. O amanhecer acordou a realidade da manhã.

Certamente, o rei Salomão alcançou grandes cosias na sua vida. Seu duro trabalho foi recompensado e seus esforços foram bem-sucedidos (Ec 2:4-9). Entretanto, tais atos não constituíram toda sua existência. Encontramos também neste livro qual foi a opinião de Deus sobre o grande rei Salomão.

Quase ao final da sua vida, Salomão se afastou dos caminhos do Senhor e não permaneceu fiel a Deus. Poderia parecer uma pequena coisa, em vista a todas as coisas que ele foi capaz de realizar, contudo perdeu o mais valioso: a relação íntima com Deus. Tudo o que ele tinha conseguido na vida foi resultado da comunhão próxima com o Criador. Infelizmente, o mestre esqueceu de tal lição, perdeu o mais valioso que tinha, e começou inclusive a servir a falsos deuses.

Nesse tempo, Salomão edificou um altar a Camos, abominação dos moabitas, sobre o monte ao lado de Jerusalém, e a Moloque, abominação dos amonitas. Ele fez o mesmo para todas as suas mulheres estrangeiras, as quais queimavam incenso e ofereciam sacrifícios a seus deuses. Por isso o SENHOR se indignou contra Salomão, porque o seu coração se desviara do SENHOR, Deus de Israel, que lhe aparecera duas vezes, e lhe ordenara expressamente que não seguisse a outros deuses. Ele, porém, não obedeceu ao que o SENHOR lhe ordenara.” (1 Reis 11:7-10).

Como resultado, infelizmente, as coisas que tinha conseguido realizar Salomão, não permaneceram por muito tempo depois da sua morte. Israel enfrentou guerras e grande conflitos, perdendo a maioria da sua riqueza, e o novo rei perdeu rapidamente também sua autoridade.

Se o homem mais sábio que tinha vivido até momento, não foi capaz de que os seus sucessos permanecessem, o que podemos esperar dos nossos?

Se lemos cuidadosamente o livro de Eclesiastes, nos depararemos com a realidade de que Salomão parecia um homem poderoso, mas a realidade era outra. Os melhores esforços dele eram fracos. Frouxos como o próprio respirar, porque Salomão era somente um homem, afinal. E todas as pessoas terminam morrendo.

Não percebemos a profundeza de tal mensagem no livro de Eclesiastes, porque lemos uma tradução. Em hebraico, língua original, Eclesiastes 1:2 repete a mesma palavra cinco vezes. O autor, deste modo, enfatiza fortemente e sem a menor dúvida possível o vazio da própria existência quando está focada a alcançar bens materiais. Algumas traduções traduzem a palavra, como ilusão, outras como vaidades. A verdade final é uma vida sem propósito, e descreve tudo o que as pessoas podem alcançar nesta vida, sem Deus.

Possivelmente, seria mais correto traduzir a palavra como “só um fôlego.” O trabalho do homem é tão insignificante como seu próprio fôlego, porque ao final todos terminamos morrendo. Assim a palavra fôlego se faz uma imagem da debilidade das pessoas. Em comparação a tal visão, a obra de Deus se nos apresenta nas Escrituras sendo um grande vento ou uma tormenta poderosa (Salmos 29; João 3:8; Atos 2:2).

Se consideramos a respiração de uma pessoa, ela parece muito débil, sobretudo se comparamos a mesma ao vento de uma grande tormenta. Também é assim quando se compara as obras de um rei poderoso se observada à luz das obras de Deus. São um pequeno grão de areia em uma praia.

O livro de Eclesiastes não diz muito sobre a obra de Deus na vida das pessoas. Seu tema se enfoca mais no que as pessoas podem conseguir sem uma relação correta com Deus. Por este motivo, o autor começa nos lembrando de alguém que tinha uma relação exemplar com Deus. Essa pessoa era o rei Davi (Ec. 1:1). Davi não obteve essa relação íntima com Deus, porque ele fez alguma coisa certa, nem pelas suas próprias obras, foi resultado da graça e misericórdia de Deus (Ro 4:4;8). Davi amava genuinamente Deus, esse amor fez que buscasse uma relação sincera com o Senhor (1 Reis 11:4). Deus deseja que todos façam exatamente isso (Marcos 12:29-30).

As pessoas que amam a Deus obedecem seus mandamentos, se alegram com sua Palavra e desejam estar na presença do Senhor. Isto não é resultado das suas próprias obras. É resultado da ação do Espírito Santo nas vidas deles, Ele faz os crentes fortes (Ga 6:8; Ef 6:10-11).

Sejamos pessoas desejosas da sabedoria que vêm de uma verdadeira relação com Deus.


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